A Modéstia
A modéstia é a mais putéfia das virtudes. É mesmo assim. Dorme com todos e com ninguém, depende do que lhe dá jeito.
Se é uma grande empresa a propalar os seus excelsos serviços ou produtos, a modéstia abre-se toda e deixa que a chamem publicidade (chama-me publicidade, meu bruto, meu garanhão) e que sim, que é bom fazê-la e mostrar os nossos produtos; não se importa nessa altura do estupro, por grande que seja (leia-se, mentiras ditas sem vergonha na cara).
Se por outro lado, temos um Pós-douturado no MIT que à mesa do café, entre dois goles de cerveja diz ao companheiro de bar: olha, a semana passada ganhei o prémio mente do ano, pela descoberta dos positrões de antimatéria na poeira cósmica, AH-Á!! SEU VAIDOSO! A amiga modéstia fecha as pernas com a força de um cofre da CGD e não há nada que a penetre. Mas é verdade, ganhei o prémio! Não importa, é feio divulgar os nossos sucessos. E se tiver chumbado no exame de condução, pode dizer-se?
Mas que virtude é esta que se abre à mentira e é completamente frígida à verdade mais penetrante?
Não vos deixeis enganar, caro leitor; a modéstia é uma vil criação dos reles, travestida de casta virtude, para impugnar o sucesso dos tocados pelo dedo da grandeza.