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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2003-07-25


 

As noites no 2001

Vestimos umas calças de ganga coçadas e uma camisa escura. Pegamos no carro e vamos ao Relento em Algés, comer um bife na frigideira, acompanhado com cerveja qb.
Falamos do dia, dos dias, do bom, do mau, rimos, sorrimos, ouvimos, falamos.

Rumamos ao Deck, no Estoril, onde começa verdadeiramente a noite. Bebemos cerveja, escutamos a música, observamos quem passa, fumamos e continuamos a conversa, que resume toda uma semana enfiados dentro do fato e asfixiados pela gravata. Fazemos horas.

Horas feitas, e vamos de novo para o carro. Seguimos para o autódromo. Chegamos e há carros parados, uns com pessoas dentro, outros vazios e com pessoas sentadas no capot a fumar. Um sonoro e vibrante BUM-BUM ecoa das janelas ainda abertas, por baixo da bancada. A música já está a abrir.

Apaga-se o último cigarro e subimos os poucos degraus. Os rapazes pagam, as meninas não, mas não faz mal, o vodka tónico não é caro e o bilhete dá para dois. Um segurança com cabelo curto e uns braços que nem se conseguem encostar ao corpo, dá-nos as boas noites e aponta para a porta. Lá dentro, a música é ensurdecedora e há já um número considerável de pessoas aos saltos. Finalmente, passamos pela bancada do dj e, a custo, abrimos caminho até ao nosso sítio, sempre atrás dos sofás gastos de muitos anos, vermelhos com listas pretas. O cheiro inconfundível dos charros já paira no ar, mas faz parte do ambiente da catedral do hard-rock. As pessoas aqui são diferentes. Estamos a anos luz do ambiente jet-set da Kapital ou do Blues. Aqui vem-se porque se tem o vício do rock e do bom hard-rock. Não se vem ver a Kiki e o Manelinho.

Do tecto, sobre a pista, pende uma gigantesca bola de espelhos, enrolada em tubos de néon, que se prolongam ao longo da parede e do tecto, pintados a preto. É demodé e faz-nos lembrar que esta casa tem 30 anos. Os strobes têm o papel principal na iluminação da pista e contribuem para o aspecto entre o gótico e o industrial do espaço.

Depois do segundo vodka tónico, no preciso momento em que os ACDC gritam Thunder, avançamos para a pista e só paramos horas mais tarde, esgotados e a precisar de ar fresco.

Descemos as escadas, há carros parados, uns com pessoas dentro e os vidros embaciados, outros vazios e com pessoas sentadas no capot a fumar. Um sonoro e vibrante BUM-BUM ecoa das janelas ainda abertas, por baixo da bancada. A música ainda está a abrir.

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