2003-11-28
Diário de um dia estranho
Este é um daqueles dias que poderiam fazer parte de um argumento de um filme do David Linch de tão estranho que tem sido. Comecemos pelo início, como convém nestas coisas... Vinha eu para Coimbra e assisti pelo espelho retrovisor a uma cena tipo Faroeste. Vou passar a contar, mas para embelezar um pouco a coisa vou pedir a vossa cooperação: Imaginem uma música de fundo algo sinistra tipo banda sonora do Jaws. *tan-tan tan-tan tan-tan* Estava parado nos semáforos e apenas tinha uns 4 carros à minha frente. O trânsito estava de tal maneira intenso que escorria de forma estupidamente lenta. De tal forma que quando caiu o verde e eu passei pelo dito semáforo já tinha passado ao laranja. No entanto o fulano que vinha atrás de mim num carro preto não parou, o que me leva concluir que terá passado já no vermelho, coisa que não agradou ao condutor do BMW que vinha da transversal e tinha direito de passar uma vez que o verde o carregava de razão. O condutor do veículo preto achou que não (imaginem agora a música de fundo a aumentar o tempo e o volume) e continuou a sua marcha (lenta). Assim o BMW forçou a passagem e meteu-se à frente do veículo preto (continuem a imaginar a música a aumentar!!!). O veículo preto faz sinais de luzes ao condutor do BMW (tan-tan tan-tan). O condutor do BMW acha por bem irritar ainda mais o tipo do carro preto abrandando a marcha ainda mais (a música, lembrem-se da música!!!), o tipo do veículo preto numa manobra extremamente arrojada (ou num ataque de diarreia mental) resolve tentar ultrapassar o BMW pela direita. Sim, pela berma mesmo! (A música, continuem a imaginar a música!!!!! Tan-tan tan-tan tan-tan!...). O fulano do BMW não achou piada e deu uma guinada para a direita e atravessou o carro à frente do outro (TAN-TAN TAN-TAN). Acto contínuo saiu do carro com ar completamente alucinado, e o tipo que ia ao lado do condutor também deixando ambos as portas abertas dirigindo-se ao carro preto com cara de poucos amigos!!!..... Anti-climax: uma lomba e uma curva. Não consegui ver o que se passou a seguir (assim sendo podem desligar a música de fundo..) Uma coisa é certa, por muito que olhasse pelo retrovisor não voltei a ver nem o BMW nem o carro preto. O resto da viagem decorreu sem mais incidentes assinaláveis a não ser a lentidão da tráfego mesmo. Fui trabalhar. Chego ao gabinete e o lugar habitualmente ocupado pelo Soneca estava vazio. Parecia ter saido à pressa uma vez que ele tinha um browser aberto no fórum labrego com um post meio escrito e que não tinha postado. "Oh diabo, que emergência teria levado o Soneca a abandonar um post a meio" - pensei eu para com os meus botões - "Bem, deve ter sido um pedido de auxílio de uma certa menina que eu cá sei". Telefonei-lhe e afinal estava redondamente enganado. Ele tinha ido à biblioteca resolver um problema de monitor. "Vem cá ter", disse-me ele com ar preocupado. Amigo do meu amigo, também eu fiquei preocupado. Fui ter com ele. Não sem antes ter um encontro imediato de 3º grau com a tal menina que eu cá sei. "Pituh pituh pituh", disse-me ela (ou pelo menos foi aquilo que eu percebi pois mal ela me dirigiu a palavra fiquei envolvido em pensamentos que não posso aqui transcrever) Fui ter com o Soneca, dizia eu. Quando lá cheguei aquilo tinha um ar estranhamento deserto (podem voltar a ligar a música ambiente). Estava apenas o Soneca com ar preocupado e atarefado sentado atrás dum monitor. Quando chegue ao pé dele apercebi-me que ele estava a trabalhar no computador com o monitor virado ao contrário. "What the!?!?..." Sim alguém tinha andado a brincar com as definições do monitor e aquilo estava com os gráficos todos invertidos. Problema resolvido. Fomos ter com a menina que eu e o Soneca sabemos. Dois dedos de conversa. Pituh-pituh-pituh-pituh (pois, de novo aqueles pensamentos de profunda lascívia). Litros de baba, e tentativa de resolução do problema da menina. Pituh-pituh-pituh. Entretanto, aparecido sabe-se lá de onde aparece um funcionário com ar sinistro (imaginem o Quasimodo, pronto ao pé deste senhor o quasimodo é um teletubbie) que me toca no braço querendo chamar-me a atenção. Terror! (a música dispara de novo uns 200 decibéis acima dos limitos do saudável!! Tan-tan-Tan-tan!!!!). No meio de grunhidos mal articulados lá consegui descobrir o que o senhor me queria dizer: "Comprei isto nos chineses, não percebo inglês, o senhor pode traduzir-me isto?" era um kit mãos livres para 3310. Eu lá lhe expliquei que aquilo eram as especificações do "coiso" e que faltavam entre outras coisas o cabo para ligar ao isqueiro e o auricular que supostamente deveriam estar incluidos no pack. Pelo menos era o que dizia a etiqueta. Etiqueta essa que por acaso estava em português. A criatura lá me grunhiu de novo algo do tipo. "O cabo de isqueiro não preciso que eu nem conduzo, eu queria isso mais para ter em cima da secretária que dá jeito para atender o telemóvel". Lá consegui convencer o homem que tinha que ir trocar aquilo e assim o despachei. Afinal ainda tinha que ir segregar mais pelo menos meio litro de baba por causa da menina que eu e o Soneca sabemos. Pituh-pituh-pituh-pituh... Ai esta mente perversa... Depois de quase morrer desidratado rumei ao polo II onde ia ter uma aula e já estava coisa de 50 minutos atrasado. Mas ainda assim consegui chegar cerca de 10 minutos antes do monty e 15 antes do prof, o que deu para escrever o post que está ali logo abaixo do questionário do RC. Depois do almoço, nada a assinalar. Vamos lá ver se o resto do dia merece mais algum post ou não. |