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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2003-12-15


 

Dissertação - Parte 2

Não, desta vez não será sobre o amor.

A origem desta dissertação veio do visionamento do "Tale of Two Sisters" (bastante complexo este filme devo admitir).

Qual o porquê de tantas pessoas por este mundo fora rasgarem fotografias que tenham?

Cada fotografia congela no tempo um dado momento histórico com uma importância variável, podendo ir de apenas mais um momento kodak a uma recordação de elevada importância pessoal que perdurará para toda a vida (ou pelo menos esta é a ideia que se possui nesse dado momento, falhando na esmagadora maioria dos casos).

Compreendo que as fotografias (expostas) vão mudando conforme o humor da pessoa, a estação do ano, a moda, ou seja, depende de um elevado número de factores.

Mas o que não consigo compreender é o porquê da tentativa de apagar uma recordação, uma lembrança, um pedaço da nossa vida com a destruição parcial ou não de uma foto.

Diversas pessoas (pelos mais diversos motivos) o fazem (já o assisti algumas vezes com uma pessoa da família se não estou em erro bem como já tive esta conversa com outras pessoas que confessaram fazer isto com bastante
reguladidade - bastante mesmo!).

Será uma tentativa para apagar esta recordação comparando esta atitude ao ditado "longe da vista longe do coração" ? Será que resulta? Não será que a recordação - mais forte ou mais apagada da nossa memória por imposição da nossa vontade - se manterá sempre presente e o que se está a fazer não é mais do que uma futilidade. Não deixo de dizer que não é uma atitude legítima por parte de quem o faz dado terem todo o direito de exercer a sua vontade sobre os seus pertences.

As fotografias digitais apenas vieram facilitar esta tarefa. Com um clickar do rato consegue-se "eliminar" a recordação face à necessidade (se é para eliminar então não se pode descurar) de deitar fora os pedaços resultantes da destruição da memória, do sonho. Por outro lado também vieram facilitar a captura destes sonhos para a posterioridade, mas isso são outras dissertações mais tecnológicas que não são para aqui chamadas..

Apenas posso expressar a minha opinião e esperar recolher as vossas a fim de me elucidar sobre o tema (se mudarei de opinião penso que não, mas estou aberto ao diálogo):

  • se tenho fotografias em papel que possivelmente poderão já não coresponder à realidade, tenho, mas não vejo necessidade nenhuma de as destruir. Também é certo que não tenho nenhum mural nem no meu quarto nem no meu escritório (nome pomposo para o sítio onde estudo - AKA jogo vejo TV e navego na net ) tal e qual o filme "one hour photo" nem as visiono à procura do sonho perdido ( ainda mantenho a minha sanidade mental intacta na medida
    do possível por enquanto)



  • se tenho fotografias em formato digital também é verdade que as tenho e embora seja muito mais fácil (posso alegar para mim mesmo que foi um descuido) a sua remoção também não vejo motivo para tal



Penso que a minha filosofia passa por saber que o momento em causa não poderá ser vivido de novo. Mas também passa por saber que não é por apagar a/s foto/s que irei alterar alguma coisa. Deixam de ter o significado especial que tinham e passam a ser mais um momento kodak que representa a nossa vida (também se poderá alegar de auto-negação igual a quem as inutiliza).

O que pode resultar disto? Uns caixotes cheios, uns cd's gravados a mais, uns DVD's a apanhar pó.

Mas digo que talvez daqui a algum tempo (dias, semanas, meses, anos, décadas.) poderei mudar de opinião pois o ser humano está em constante mudança mas isto é o que penso neste preciso momento até que algo se altere.

RR


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