Putos
Hoje enquanto caminhava do ginásio para a garagem, cruzei-me com dois rapazes, com não mais de 15 anos. O estilo, confesso que não sei nomear, mas descrevo-o: boné de marca desportiva, argolas douradas nas orelhas, fato de treino branco com riscas azuis e anéis nos dedos.
Um deles, o mais velho, dizia com ar entendido para o outro:
- Curto bué tar sózinho, méne, tás a curtir a tua música, a pensar nas coisas.
- Ya!
Fiquei a pensar no que escutara. Lembrei-me da notícia matinal no rádio, que nos dava conta que dos países da UE, incluindo já os do alargamento, somos aquele com menor percentagem de licenciados entre os jovens.
As palavras daqueles dois, podiam ser traduzidas para: gosto de ficar com o cu na cama, sem fazer boi com a música a abrir. E isto é preocupante. Eu esperava que, comparativamente ao tempo em que andava na escola (e não foi assim há tanto, seus más-linguas), as coisas tivessem melhorado, ou seja, houvesse mais gente com vontade de estudar, mas não.
Aparentemente, uma boa fatia da nossa juventude vê a vida com esta despreocupação e falta de ambições, que honestamente me perturbam. É que elas não são compatíveis com o nível de exigências que esta gente tem. Roupas de marca (mesmo que de mau gosto) jóias, carros desportivos, tudo isso eles querem, mas estudar e ganhar dinheiro parece-me cada vez menos um objectivo aceitável.
Estaremos a caminhar no sentido correcto, ou estou a ficar cota?
Não estaremos a criar uma geração de mimados, delinquentes a prazo?
