A vingança do ceguinho
Ontem ia preparar-me para atravessar a passadeira acompanhada da minha filha quando vejo dois cegos acompanhados dos respectivos cães-guia a prepararem-se para fazer o mesmo. Observei-os e quando vi que não iam precisar de ajuda para atravessar fiz-me à passadeira. Olhei para os dois lados e começo a atravessar. Eu, a minha filha e os dois cegos acompanhados dos cães. Estavámos todos no 2º terço quando vejo um carro (a sair do parque de estacionamento adjacente à passadeira) mais preocupado com os automóveis que poderiam vir da esquerda do que com os peões a avançar para a passadeira. Estico o braço em sinal de alto! (tipo a Jean Grey no X-Men2 quando para a água da barragem) e refilo com o condutor. Fiquei com o carro a um palmo das minhas pernas.
Mas o bonito e que me faz relatar este pequeno episódio foi a reacção de um dos cegos. Notou que o carro parou em cima de nós e diz alto e bom som:
-Eh lá! Tás com pressa? Vais à missa é? Pois olha, agora vou fumar um cigarro!
e ali ficou o cego, na passadeira, parado, a sacar de um cigarro, a acendê-lo e a fumá-lo. Deu umas passas e segui caminho.
Se tivesse sido eu a ter este tipo de atitude acho que tinha ouvido e levado das boas.
