Parabéns (agora como deve ser)
Faz hoje três anos que te vi pela primeira vez.
Estava sentado à cabeceira da cama da tua mãe a fazer conversa, tentando disfarçar o nosso nervosismo e ajudando-a a aproveitar as vantagens da epidural.
Não sabíamos se ias ser menino ou menina. Opção nossa, quisemos esperar e ter a surpresa. Assim, lá ao lado estavam dois berços, um azul e um rosa, com pulseirinhas-de-nome de cor a condizer com o berço. À espera. À tua espera.
Enquanto na outra ponta da marquesa as médicas estavam atarefadas com a cesariana, nós tentávamos acalmar-nos, até que ela disse: Pai, chegue aqui e veja a sua filha. Mãe, levante-se e veja também.
E lá estavas tu, pequenina e vermelhinha, a choramingar, com o teu cabelo escuro e rosto lindo. Não tinha revelado a ninguém, mas no meu íntimo desejava que fosses menina. Pegaram em ti, mediram-te, pesaram-te e fizeram os testes do costume. Depois embrulharam-te na roupita rosa , com pulseira a condizer e deixaram-te sobre a tua mãe. Agarrei na mão dela e trocamos olhares de felicidade. Depois, deitaram-te no teu berço pequenino e cor de rosa e levaram-te para fora da sala, enquanto cosiam a tua mãe. Segui-te e fiquei sózinho contigo no corredor.
Choramingavas baixinho, tentei acalmar-te e estendi-te o meu dedo. Agarraste nele com força e nesse momento, enquanto duas lágrimas gordas me rolavam pela face, soube que seria teu para sempre.