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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2004-04-03


 

Lucio, o menino diferente

Esta história passa-se num planeta pequenino, que fica para lá de onde o ser humano alguma vez foi, muito depois da Lua, ou mesmo do Sol.

As pessoas desse planeta eram todas muito pequeninas, vestiam pequenas calças, pequenas camisas, pequenas camisolas e pequeninos sapatos cor de mel. Todos eram felizes. Todos menos Lucio, um menino que tinha nascido maior que todos os outros meninos, era mesmo maior que a estátua de pedra macia, que ficava no centro do largo da aldeia, local onde todos brincavam. Lucio era meio desajeitado. Com os seus grandes pés, por vezes pisava os outros meninos ao brincar. E por isso nunca era convidado para as brincadeiras.

Certo dia, véspera de Natal, e quando todos estavam de férias, os meninos juntaram-se no largo, era a última tarde de brincadeiras, antes de irem jantar e esperar pela meia-noite, para poderem abrir os presentes que os esperavam debaixo da árvore luminosa.

Como em tantos outros dias, o jogo escolhido foi o esconde-esconde, o preferido da maioria dos meninos. Lucio, sentado ao pé da porta de sua casa, olhava de longe, enquanto os outros meninos se se apressavam a esconder. Uns corriam para trás do grande e velho carvalho que lhes dava sombra todo ano, outros para trás do muro que dava para um campo de malmequeres amarelos e um deles correu no sentido da grande fenda. A grande fenda, era um lugar proibido, um lugar onde nem os adultos mais corajosos se atreviam a ir.

Um a um os meninos foram sendo descobertos, pelo amigo que tinha ficado a contar de olhos vendados. Mas faltava um. O menino que correra no sentido da grande fenda. Não havia tempo a perder, correram preocupados em busca do seu amigo, mas nenhum deles se lembrou de avisar um adulto. Ao chegarem à grande fenda não o viram, estavam exaustos, chamaram pelo seu nome e ninguém respondeu. De repente, um deles mandou todos os outros falarem mais baixo, e por fim todos ouviram uma voz fraquinha que vinha da fenda. Aproximaram-se a medo, o mais corajoso olhou e viu o menino que faltava, estava pendurado num fraco ramo que nascera na encosta da fenda. Logo se apressaram para fazer uma corrente, e um deles, meio pendurado, tentava chegar ao menino, mas em vão. Ele estava cada vez mais fraco e cansado. Quando o seu último dedo largou o ramo e se preparava para cair para o grande desconhecido, sentiu uma grande mão que o agarrou. Era Lucio, o menino grande, só ele com o seu tamanho consegui chegar ao menino que estava em apuros.

Todos ficaram muito felizes, ninguém se tinha magoado. Lucio contou depois que os tinha seguido, pois ficara preocupado ao ve-los correr para a grande fenda.Todos no fim perceberam que ser diferente é normal, todos somos diferentes uns dos outros de alguma maneira, e que no fim o que interessa é gostarmos uns dos outros. A amizade é da cor do mel.

Naquela noite, todas as famílias se juntaram para comemorar o mais saboroso dos Natais!

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