<$BlogRSDUrl$>

Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2004-11-30


 

Na neve



Os faróis iluminavam a escuridão da estrada de montanha, levando a luz por entre os flocos de neve que caíam sem cessar e obrigavam as escovas do limpa-vidros a deslizar da esquerda para a direita, amontoando a neve nos cantos do vidro.

Ela dormia a seu lado, embalada pelos balanços do carro e descansando das quase 7 horas de viagem até ali ao seu destino final, a neve de Andorra. Ele conduzia, e cantarolava baixinho, acompanhando o Bing Crosby no leitor de cd’s ‘I’m dreaming of a white Christmas, just like the ones I used to know…’

Algumas curvas mais e surgiram as luzes das primeiras casas. Ele consultou o mapa com as indicações e tomou o caminho direito ao aldeamento. Em breves minutos as luzes do carro iluminavam a acolhedora casa de madeira que tinham escolhido. Saía fumo da chaminé, indicando que, tal como combinado, a lareira havia sido deixada acesa, de modo a ter a casa quente à chegada.

- Chegámos! – disse ele enquianto desligava o carro.

Ela abriu os olhos, espreguiçou-se um pouco e sorriu olhando a casa.

- É tão bonita!
- Sim, ainda mais que nas fotografias. Vamos entrar?
- Brrr, parece estar frio lá fora. Está a nevar há muito?
- Mais ou menos há uma hora e, se aqui o termómetro estiver ainda vivo, estão cinco graus negativos.

Vestiram os casacos e calçaram as luvas; ele deu-lhe a chave de casa para ela ir abrindo a porta e deu a volta ao carro para tirar as malas da bagageira. Correram os poucos metros até à soleira da Porta e entraram. Um suave cheiro a lenha queimada recebeu-os e forma imediatamente envolvidos por um calor reconfortante.

A porta dava para um pequeno hall e subindo 4 degraus estava a enorme sala, com uma lareira de pedra ao centro e de frente para um tapete de aspecto fofo e dois sofás grandes. Ao fundo, à direita, estavam as escadas de madeira para o primeiro piso com os quartos. A casa era muito acolhedora. Pousaram as malas, tiraram os casacos e luvas e correram para o sofá onde se enroscaram debaixo de um cobertor e dormiram o resto da noite.

Ele acordou primeiro, e constatou que a lareira estava quase apagada. Com jeito, levantou-se, ajeitou-lhe o cobertor e foi explorar a casa. Levou as malas para o quarto, pôs café e torradas a fazer, foi buscar lenha para reavivar a lareira e ainda decobriu a enorme caixa com os enfeites de Natal.

Por fim, aproximou-se dela e acordou-a com um beijo meigo no nariz. Ela abriu os olhos, sorriu e disse bom dia. Arranjaram-se e tomaram o pequeno almoço ao som de mais músicas de Natal. Passaram a manhã a enfeitar o interior da casa e quando o sol abriu, deram uma nova vida ao pinheiro junto à porta.

Efectivamente, este Natal estava a começar.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?