2005-01-24
Arte e o camandro
Na sequência de um poste do Rui Gonçalves, no 3 tesas, surgiu um pequeno debate sobre o que é arte. Ora bem, para mim, arte pressupõe 2 condições: - domínio de uma técnica (pintura, escultura, etc) - criatividade/sensibilidade, capacidade de provocar emoção Para mim, a primeira condição é muito importante. Impõe uma premissa de partida. A segunda condição é aquela que distingue os pretendentes a artistas dos verdadeiros artistas. Qualquer pessoa pode aprender música, mas criar um sinfonia que nos arrepie a espinha ou uma música que nos faça chorar não está ao alcance de todos. Naturalmente que não é objectivo. O que em mim desperta determinadas sensações poderá não dizer nada a outros. Mas é também aí que se define a dimensão do artista, quanto maior for o consenso, provavelmente mais certeza haverá da qualidade do artista. E é também por isso que quadros de grandes pintores valem milhões e outros valem menos do que a moldura que os enquadra. Por isso é que eu não considero certas "obras de arte" como arte. Por exemplo, se nos lembrarmos da célebre "obra" que foi para o lixo por engano porque a senhora da limpeza a confundiu com lixo (o que se percebe porque era um saco com restos e desperdícios), vemos o quão subjectiva pode ser a questão. Mas toda a questão começou numa obra qualquer paga a peso de ouro pela autarquia conimbricense. Porque se um particular paga milhões por uma qualquer obra de arte, o dinheiro é dele, ninguém tem nada com isso. No caso de dinheiros públicos a coisa é diferente. Há uma responsabilidade para com os contribuintes. No entanto, é difícil perceber a priori o impacto que a obra terá. Se pensarmos no marco que é para Paris a Torre Eiffel, no quanto caracteriza a imagem da cidade e no impacto que tem sobre o turismo, o seu custo terá sido reduzido. Mas quem poderia afirmar que as coisas iriam correr assim quando se decidiu construi-la? |