Dogma reaccionário
Não sei se já viram o cartaz do bloco de esquerda que diz que “a saúde não é negócio”, “não aos hospitais privados”, ou algo similar.
Este cartaz é mais um dos que recentemente vieram mostrar uma nova face do bloco de esquerda, a face populista.
Eu concordo com algumas ideias do bloco de esquerda, discordo com outras, como seria natural, mas sempre tinha respeitado a honestidade intelectual do seu discurso, que não tentava simplificar as questões ou fornecer respostas através de dogmas doutrinários como alguns outros partidos fazem, fizeram e sempre farão.
No entanto, nesta campanha tenho-me sentido bastante defraudado. Já não bastava o disparate da provocação indigna do Louçã ao Paulo Portas sobre o aborto, vejo agora também um conjunto de cartazes populistas, que utilizam chavões para tentar aproveitar a falta de informação e algum receio das pessoas eventualmente menos esclarecidas.
Qual é argumento que sustenta essa ideia de que os hospitais privados não podem sequer ser ponderados como opção?
Será a gestão exemplar dos hospitais públicos, que conseguem obter um equilíbrio financeiro e, ao mesmo tempo, dar resposta às necessidades e exigências dos cidadãos de forma atempada e com qualidade? Penso que já todos percebemos que a situação actual não é eficiente nem será sustentável.
Será o mau exemplo de todos os serviços públicos e empresas públicas que foram privatizadas? Segundo sei, e julgo que concordarão comigo, as principais empresas públicas que foram privatizadas são actualmente, ao contrário do que acontecia quando eram públicas, exemplos de competitividade, tendo a qualidade dos seus produtos e serviços aumentado exponencialmente, enquanto que as suas contas saíram do vermelho e encontram-se agora sustentavelmente saudáveis.
Ou será o argumento do bloco, embora não confessado, que as empresas privadas piscam o olho à direita, desrespeitam os direitos dos trabalhadores e vendem-se aos interesses do capital estrangeiro?
É que isso, meus amigos, não é argumento, é dogma.