Antes de começar, quero deixar claro algumas coisas:
Também me custa pagar o gasóelo cada vez mais caro. Também me custa suportar os aumentos de IVA e da carga fiscal em geral. Também me custa - e muito- não ter aumentos há 4 anos...
Mas... mas não posso concordar com o clima que os sindicatos pretendem criar. Não podemos fazer manif's, greves e contestação irresponsável e inconsequente. Está na altura de os sindicatos perceberem que não está nas mãos do governo - deste, ou qualquer outro que lá esteja - mudar de um dia para o outro a situação económia Portuguesa e internacional. Não é por sadismo que nos aumentam os impostos, nem é essa a razão de não haver aumentos, ou de haver atrasos na idade da reforma.
O mundo sofre algumas mudanças a que está a demorar a adaptar-se. Temos concorrência forte e cerrada do oriente e há que saber acompanhar as mudanças.
Quando num dia vimos os sindicatos a queixar-se que a empresa A deslocalizou a produção para a China porque é mais barato e no dia seguinte vimos o mesmo sindicato a convocar greves e exigir aumentos acima da inflação para os trabalhadores, algo vai mal. E vai mal na mente dos sindicalistas, que não perceberam que a relação trabalhador-empresa deve ser uma relação win-win... se a empresa está em dificuldades, fará sentido exigir aumentos não-razoáveis e convocar greves?
Será assim que vamos aumentar a nossa competitividade e produtividade no mundo concorrencial de hoje?
Apenas um exemplo do que digo:
A GM Europe avisou que terá, muito provavelmente, que encerrar uma fábrica na Europa. A que fosse menos produtiva, possivelmente. Pois a fábrica da Opel na Azambuja, que para sobreviver precisa captar a produção de um novo modelo que substitua a actual Combo no final da sua vida útil, viu-se a braços com greves e contestações que duraram alguns meses, em volta de uns 2 ou 3 % no aumento. A algum dos senhores passou pela cabeça o impacto que isso poderá ter no seu futuro daqui a pouco tempo? Não me parece.
Senhores sindicalistas e dirigentes sindicais que lêm o Pano do Pó (e eu sei que são às paletes), está na altura de ter um sindicalismo que puxa para o mesmo lado que as empresas... não no desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, mas na busca de empresas lucrativas, que só servirão os desejos de todos. Por isso, em vez de fazer greves e manifs por um aumento de 4% em vez de 2.5%, reduzindo assim a produtividade, que tal reivindicar formação profissional, promoções por mérito e quaiquer outros instrumentos de aumento da competitividade?