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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2005-07-25


 

Pano do Pó, a autobiografia não autorizada

Cap. 1: RC, o pornógrafo poeta

Rabinho Corado sentia que a sua vida já não fazia sentido, que faltava algo.

A sua carreira ia de vento em popa, já tinha participado em mais de 69 longas e curtas metragens eróticas e pornográficas, tinha ganho inúmeros prémios do público e da crítica (nomeadamente o muito cobiçado vergalho de ouro, que recompensava todos os anos a melhor performance masculina). Na sua vida pessoal também tinha tudo o que sempre ambicionara: mulheres, mais mulheres e ainda mais mulheres. E carros, também tinha carros, desde um Audi TT descapotável para brilhar na noite e nas discos, passando por um Land Rover para ir até onde nenhum pornógrafo tinha ido antes, até um Toyota Prius, porque também tinha consciência ecológica. Vivia numa penthouse na marginal, onde a polícia tinha ido já repetidas vezes acabar com orgias e bacanais a meio da noite.

Mas, o que para a maioria do homem comum seria uma vida de sonho, para RC estava a tornar-se um pesadelo. A banalização do acto sexual tinha deixado marcas profundas. Dava tanto prazer a RC beijar a mais bela pornstar como lamber a sua sanita de porcelana fina debruada a ouro (e ele sabia-o pois uma noite com os copos enganou-se). Depois de ter tido sexo com mulheres de todas as cores, raças e estilos de cabelo, bem como com 7 travestis, 3 negros e 2 cães, RC sentia que não havia mais desafios na profissão que lhe fora recomendada pela psicóloga da escola quando tinha 13 anos e era já muito desenvolvido para a idade.

RC tinha tentado evoluir para a escrita de guiões para filmes porno, mas os produtores aconselharam-no a emigrar para a Venezuela e vender os seus trabalhos a uma produtora de novelas, pois para filmes XXX não serviam. “Que merda é essa de sentimentos que tu tanto falas nestes textos?” lembra-se ainda de lhe terem perguntado. Nem tentou explicar. Seria tão inútil como mudar um pneu a um carro em chamas.

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