Pano do Pó, a autobiografia não autorizadaCap. 3: RR, o fotógrafo de moda e mercearia
Rudolph Raptzenberger era um fotógrafo de sucesso. Versátil (tanto fotografava catálogos de modelos como catálogos do Modelo), dotado de uma sensibilidade peculiar e sempre de objectiva em riste, RR tratava o mundo da moda por tu e a sua máquina por CANON. Afirmava RR, “há tanta beleza no olhar lascivo de uma mulher apaixonada como num pacote de leite meio gordo Modelo a 49 cêntimos o litro”. “As pessoas comentam muito o meu trabalho elogiando os jogos de luz e as perspectivas ousadas, mas na realidade eu apenas aponto para o peito das modelos e disparo até acabar o rolo.” As suas modelos consideravam-no algo excêntrico “Eu diria imbecil e imaturo, mas excêntrico também pode ser. Isto é para a Caras, não é?”
Mas RR era mais do que um simples fotógrafo, RR também entregava pizas na sua mota e era revisor ortográfico num jornal de referência. “Tenho vários empregos, mas não é por necessidade, é só por razões financeiras”.
A sua grande paixão era a sua mota. Mota essa a que chamava carinhosamente Pamela, por ser vermelha e abanar as carenagens todas quando passava por alguma irregularidade. RR gostava tanto da mota que a lavava regularmente sempre que se lembrava disso e tinha tempo.
Mas havia algo que faltava na vida de RR para este se sentir realizado. Amigo do seu amigo (Carlos, no caso) RR ambicionava partilhar com o mundo os seus truques e segredos, para que todos pudessem melhorar as suas condições de vida e ajudar a reduzir o défice. Apesar da experiência que detinha como figurante num concurso e de ter morado 7 anos em frente à RTP, esta ignorou este vasto curriculum e não aceitou a sua proposta de programa. Mas RR não se resignou “Vou partilhar o que sei com o mundo, nem que seja à força”. No jornal em que trabalhava também não teve sorte “O que está aqui a fazer? Eu despedi-o há 5 meses!! Ponha-se na rua, seu grande c*****, c**** dum raio!”. Desolado, RR considerou tornar-se professor, mas também não foi bem sucedido, pois teimavam em exigir-lhe coisas disparatadas como habilitações, aptidão pedagógica ou capacidade científica.” Mas RR não desistiu, nem mesmo quando a sua mãe lhe disse que ele nunca iria a lado nenhum.
Até que um dia RR conheceu alguém que iria mudar a sua vida para sempre.