<$BlogRSDUrl$>

Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2005-09-14


 

A conversa é como as batatas

Sei que não é assim que se diz. Sei que a versão correcta é "a conversa é como as cerejas". Mas como é uma expressão que faz tanto sentido, pelo menos para mim, como "a conversa é como as batatas", é essa expressão que vou usar hoje. Até porque era de batatas que estávamos a falar. Não era, era da nobreza e do seu sangue que supostamente é azul. Mas, como a conversa é como as batatas, rapidamente aos tubérculos fomos parar.

Portanto, falávamos nós (eu e o monty) à hora de almoço de nobreza e de sangue azul. De como eram parvas as pessoas nessa altura por acharem que os nobres tinham o sangue azul quando na verdade, apenas assim era porque não apanhavam sol. Por não andarem no campo a apanhar batatas!
Foi aí que concluímos que essa não poderia ser a razão pois nessa altura ainda não tinham sido importadas as batatas para o continente europeu. Logo esquecemos a história do sangue azul ficando nós mais preocupados com a alimentação da época. Que comeriam aquelas gentes se não tinham batatas?

E foi então que decidi recriar um diálogo da época:
(O ano é 1246, numa estalagem, algures entre as terras de Vila da Feira e Estarreja, os personagens são um cavaleiro e um estalajadeiro que veste saias por ser escocês)

- Meu nome é Brian McDonald, que lhe posso trazer para lhe saciar a fome e a sede, bravo cavaleiro?
- Trazei-me já duas fatias de carne picada com queijo derretido e com molhos para temperar.
- Certo senhor! E que desejais para acompanhar a vossa refeição?
- Pode trazer-me um copo de coca-cola e batata-frita.
- Desculpe-me, nobre cavaleiro, não querendo parecer insolente, receio que não vai ser possível satisfazer o seu pedido...
- Como não? - diz o cavaleiro empunhando já a sua espada - Que estalagem é esta? Não há carne para matar a fome dum cavaleiro ao serviço do rei? Terei de matar eu próprio o animal para que o meu pedido seja satisfeito.
- Não é isso senhor!...
- Ousais levantar-me a voz! Quereis por acaso desafiar-me? - Diz o cavaleiro já com a ponta da espada sobre a maçã de adão do pobre escocês.
- Senhor, eu posso explicar!...
- São os molhos?
- Não, senhor, o nosso cozinheiro, que por acaso até tem estado atacado dos pulmões por causa da peste negra, conseguirá expelir expectoração suficiente para temperar um boi se for caso disso.
- Então diz-me desgraçado! É a bebida?
- Não, a bebida também se arranja. Ainda não despejamos a bacia da louça da semana passada. A bebida não é problema!...
- Então que se passa?
- São as batatas, senhor.
- Que têm as batatas?
- É que estamos em 1246. O continente sul africano ainda não foi descoberto. Por isso ainda não inventámos as batatas fritas...
- Ah! É isso, podia ter dito logo. Traga-me castanhas fritas então!
- Certo! São 3.95 Euros, senhores.
- Aceito as suas condições, posso pagar com multibanco?
- Bem... Não quero ser de novo insolente, mas creio que, mais uma vez não vai ser possível satisfazer o seu pedido...
- O quê? Outra vez aquela história de estarmos em 1246 e de não ter sido ainda inventado o sistema multibanco?
- Não, não é isso. Passaram os colectores d'el Rei na semana passada para cobrar os impostos e ficamos sem dinheiro para pagar o telefone. Vai daí, os fulanos da CondadoPortucalenseTelecom cortaram-nos a linha.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?