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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2005-09-27


 

E agora, um pouco de história

27 de Setembro de 1810 - A Batalha do Buçaco.

"Às 7 horas da manhã do dia 27 de Setembro, a um sinal dado, a divisão Merle do 2.° corpo avançou da posição em que se concentrara na véspera. Fazia então um espesso nevoeiro. (...)
Em 1.ª linha avançava a brigada Sarrut, constituída pelos regimentos n.os 2 e 36 (ambos a 3 batalhões), e que se fazia preceder por uma linha de atiradores. A esquerda daquela brigada vinha o regimento n.º 4. A retaguarda seguia o regimento n.º 15, servindo de reserva da divisão. A divisão Heudelet vinha ainda marchando pela estrada, trazendo na frente o regimento n.º 31 e à retaguarda os regimentos n.os 17, 70 e 47. A artilharia fora tomar posição no cabeço a sudoeste de Santo António. (...)
A brigada Sarrut repeliu os postos avançados inimigos e, impulsionada com vigor, levou diante de si também o regimento português de infantaria n.º 8. (...)
O nevoeiro tinha-se já então dissipado, vendo-se agora perfeitamente o desenvolvimento das forças francesas. Wellington, que se estabelecera no cabeço próximo a este ponto de ataque, deu imediatamente as suas ordens. Seis peças de artilharia rompem o fogo, metralhando as colunas francesas, que não podiam ser apoiadas pela sua artilharia, e que, fatigadas por uma marcha extenuante de mais de uma hora, mostraram-se hesitantes e recuaram.
Então o general Picton tomou a ofensiva com os regimentos ingleses n.os 88 e 45, aos quais se juntou também o nosso regimento de infantaria n.º 8, já então reorganizado. Estes três regimentos deram uma descarga cerrada à distância de 20 passos, e, cruzando baionetas, levam adiante de si os soldados inimigos, que retiram pela encosta na maior desordem.
Os nossos soldados, cheios do mais patriótico brio, foram os que mais se distinguiram nessa famosa carga à baioneta. Wellington teceu os maiores elogios aos bravos soldados de infantaria n.º 8.
O inimigo teve um grande número de baixas. (...)
Segundo as ordens de Massena, os ataques do 2.° e 6.° corpos deviam ser simultâneos, e, como o terreno a percorrer pelo 2.° corpo era mais fácil do que devia percorrer o 6.° corpo, este deveria iniciar primeiro do que aquele o seu movimento, para que se pudesse executar o plano do general em chefe.
- Não sucedeu porém assim, visto que o 6.° corpo começou o movimento mais de uma hora depois do 2.°, de forma que, quando este já retirava desordenado, é que aquele começou o seu ataque. (...)
Os franceses perderam perto de 4:500 homens, sendo 225 oficiais.
Ficaram prisioneiros 36 oficiais e 25o praças de pré.
Foi morto o general Graindorge; e ficaram feridos os generais Merle, Foy, Maucune e Simon, tendo este sido feito prisioneiro.
Caíram mortos os coronéis Meunier, do regimento n.º 31; Amy, do n.º 6 e Berlier, do n.º 36.
Foram feridos os coronéis Merle, do n.º 2 ; Desgraviers, do n.º 4; Lavigne, do n.º 70; e Bechaud, do n.º 66.
Foram igualmente feridos 13 comandantes de batalhão e numerosos capitães e subalternos.
Segundo um ofício enviado por Wellington ao nosso ministro da guerra, D. Miguel Pereira Forjaz, o exército inglês, perdeu 40 oficiais, mortos ou feridos, e 560 praças de pré. As tropas portuguesas tiveram 31 oficiais, mortos ou feridos, e 571 praças de pré.
Ficaram prisioneiros dos franceses 1 oficial inglês e 50 praças de pré, sendo 20 portuguesas. (...)
As consideráveis perdas sofridas pelo exército francês levaram Massena à convicção que era temerário renovar o combate e que melhor seria tornear a posição.
Por onde se efectuaria esse torneamento ?
Pela direita, ou pela esquerda da Serra do Buçaco ?
Segundo diz um oficial português, que vinha no quartel general de Massena, este, tendo chamado alguns dos oficiais portugueses, perguntara-lhes qual o. caminho melhor que havia para tornear a posição, e como estes não lho soubessem indicar, increpou-os violentamente, chamando então o general Montbrun para enviar os generais Soult, Sainte-Croix e Lamotte em diversas direcções em procura dum caminho que permitisse a marcha torneante às tropas francesas.
(...)
A batalha de Buçaco teve uma importância capital para o resultado da campanha pela acção moral que exerceu nos dois exércitos contrários.
O exército anglo-luso perdeu o medo às águias napoleónicas, que ameaçavam dilacerar a Península
Os ingleses reconheceram que os soldados portugueses eram dignos émulos no valor e brio militar, com os quais podiam e deviam contar. O moral do exército dos aliados foi exaltado.
Os franceses reconheceram que não eram invencíveis ao medirem-se com as tropas inimigas, que até então tinham em pouca conta. (...)
A derrota do Buçaco cortou as asas a Massena e impediu que voasse até aos cerros de Alhandra, do Sobral de Monte Agraço, de Torres.
Se não fora a derrota do Buçaco, Massena teria sido mais ousado em frente das Linhas de Torres, e quem sabe, se não teria saído vitorioso. (...)"



Texto e imagem retirados do Portal da História.

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