Transportes especiaisO "politicamente correcto" ensinou-nos a chamar "pessoas especiais" a pessoas portadoras de alguma deficiência. Hoje, a prática ensinou-me que os "transportes especiais" deveriam sem dúvida se dirigidos por algumas dessas "pessoas especiais".
A aventura começou à porta de minha casa, quando vinha para Coimbra. Vejo dois camiões, desses dos transportes especiais, a passar e penso para com os meus botões: "Bem, se não quero ir a gramar com estes gajos até Coimbra, vou passar por Anadia, Grada e vou apanhar a nacional à Mealhada. Eles não têm tempo de chegar lá antes de mim."
E assim foi... Não fora ter apanhado uns empatas pelo caminho e o meu plano era infalível! Mas chegado à "rotunda do Luso", na Mealhada, vejo que há uma fila enorme na nacional. Assim, resolvo mais uma vez atalhar, indo pelo centro. Chegado à rotunda que vai dar à A1 constato que não fui suficientemente rápido (mais uma vez, a porra dos empatas): o melhor que consigo é ficar imediatamente atrás dos dois camiões.
Que se lixe, penso. Ali à frente, há duas faixas para subir, e eles até costumam parar antes da subida, num parque enorme que ali há, para deixar passar o trânsito acumulado atrás deles e só depois seguem viagem. Por isso, no máximo são 200 metros atrás deles. Engano meu! Vieram até Coimbra, sem uma única paragem, e ocupando todas as faixas de rodagem. Mais houvesse, e mais ocupariam.
E porquê, pensam vocês, cheguei eu à conclusão que os senhores dos transportes especiais seriam "pessoas especiais"? Só por isto? Só porque não deixaram o menino ultrapassar e agora faz birrinha? Não só, mas também!
São "pessoas especiais" por várias razões, que vou passar a enumerar:
Primeiro porque os senhores que íam a escoltar o transporte especial (daqueles senhores especiais que conduzem carros brancos com uma lista amarela e laranja de lado e com uns pirilampos azuis em cima do tejadilho) fizeram toda a viagem na faixa de rodagem da esquerda... Até aqui, tudo normal.
Depois porque esses senhores especiais não sabem que, sempre que há mais do que uma faixa no mesmo sentido, o carro que assinala o transporte especial deve circular atrás do referido transporte e não à frente!
Mais tarde porque os senhores especiais, dos carros brancos às riscas amarelas e laranja, acham que porque são maquinistas de um comboio especial não têm obrigação de parar nos semáforos, mesmo que estes tenham a luzinha vermelha acesa.
E, a cereja no topo do bolo, por os senhores especiais acharam por bem, já em Coimbra, nas obras do Fórum, atalhar caminho e fazer grande parte do troço em contra-mão, indo, na guarda-inglesa, a direito, virados à Ponte Santa Clara.
(Isto dito assim e para quem não conhece a estrada, parece até aceitável. Não fora o troço em questão ter sido adaptado por causa das obras, ter neste momento 4 faixas num só sentido, sendo que duas delas estão invariavelmente ocupadas com carros estacionados!)
Essa parte foi boa para mim, deu para ultrapassá-los indo pelo caminho certo. Ainda fiquei tentado a parar para ver como raio eles iam entrar nos semáforos da entrada da Ponte Santa Clara em contramão.
...Mas a minha vida não é bem essa. Eu tinha mais que fazer. Nomeadamente escrever este relato no Pano do Pó!