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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2006-01-26


 

E esta, hein?

Dá que pensar, e sobretudo, faz-nos questionar se estes senhores andam a brincar com a nossa saúde. Recebi esta newsletter que de seguida publico por estar subscrito e assim fazer parte do projecto GripePT.NET.
Face à história do vírus da gripe durante o século XX, alguns erros recentes levam a importantes considerações para o século XXI.


Equívoco fatal?

Em Outubro de 2004, o Colégio Americano de Patologistas remeteu amostras de uma colecção de micróbios desconhecidos para mais de 4000 laboratórios em 18 países do mundo. O objectivo desta remessa era que os micróbios fossem identificados pelos laboratórios. Esta identificação faz parte do processo de certificação dos laboratórios, funcionando como uma espécie de controle de qualidade. No entanto, em Março de 2005 um laboratório do Canadá identificou um dos micróbios desconhecidos com sendo o vírus da gripe do subtipo H2N2, a estirpe que em 1957 causou a Gripe Asiática, matando entre 1 e 4 milhões de pessoas em todo mundo. O H2N2 estava fora de circulação desde 1968, o que significa que pessoas nascidas após 1968 não tinham imunidade contra este vírus. Por sorte, nenhum vírus escapou dos laboratórios que tinham recebido amostras, mas isto só ficou claro várias semanas após a extraordinária descoberta no Canadá. Durante este tempo, cientistas de todo mundo questionavam-se, “O que aconteceria se o vírus escapasse do laboratório e viesse a infectar as pessoas?”. E mais, “O que devemos fazer com este vírus que causou tantas mortes no passado, um vírus ao qual milhares de pessoas, nascidas após 1968, não têm imunidade?”.

Repercussões e mais perguntas...

O que teria acontecido se o vírus H2N2 tivesse escapado e infectado pessoas, ninguém sabe. As consequências poderiam ter sido devastadoras, porém muitos especialistas concordam que o risco de uma pandemia como a de 1957 era bastante pequeno, tanto pelos métodos de contenção modernos existentes hoje nos laboratórios como pelo facto de que pessoas nascidas antes de 1968 ainda teriam alguma protecção contra o vírus H2N2. Por outro lado, o que fazer com as estirpes de H2N2 distribuídas pelo Colégio Americano de Patologistas em Outubro de 2004 aos laboratórios em todo o mundo? A maioria das amostras foram remetidas a laboratórios americanos, mas mais de 60 laboratórios em todo mundo, incluindo Canadá, México, Brasil, Chile, Itália, França, Alemanha, Arábia Saudita, Israel, Hong Kong, Líbano, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan, também receberam amostras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a todos os laboratórios que receberam amostras nesta remessa, que as destruíssem imediatamente. Todos os laboratórios responderam a este pedido dentro de poucos dias. No entanto, muitos ainda armazenam o vírus H2N2 usando-o para investigação sob nivel 2 de biosegurança (BSL 2). A OMS redigiu então um documento propondo regulações de biosegurança mais rígidas, documento este que está em estudo e avaliação por especialistas mundiais.

Entretanto permanece a questão, “O que fazer com o vírus dentro de 100 ou 200 anos?”. Quando a varíola foi erradicada do mundo, as amostras do vírus que a causa foram completamente destruídas nos anos 80 em todos os laboratórios do mundo, exceto 2: um na Rússia e outro nos EUA. Uma campanha semelhante esta a ser iniciada para o vírus da poliomielite, o segundo vírus em vias de erradicação.

E para terminar, uma palavra de conforto. A OMS considera que o vírus da gripe H2N2 não justifica uma operação de tão grande porte. A história do século XX regista um episódio semelhante quando, em 1977, o vírus H1N1 (que ainda hoje circula) escapou de um laboratório 20 anos após ter desaparecido. Este vírus re-emergente já tinha passado por um período de adaptação a humanos e não tinha a letalidade da estirpe original que causou a catastrófica pandemia de 1918.

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