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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2006-01-20


 

Exame de recurso, o auxiliar de memória (II)

Depois de, sem o saber, ter andado a fazer publicitar um blog cavaquista não me resta outra hipótese senão apelar à memória. Quanto mais não seja, se não for para lembrar a quem viveu estes tempos quem é verdadeiramente o candidato Aníbal, para abrir os olhos aos jovens que, como a pequenita Sara, vão votar este ano pela primeira vez e, não conhecendo o seu passado, podem estar inclinados a votar cavaco. Muito graças à sua habilidade em viver escondido nestes últimos 10 anos, não dando nas vistas. Estes jovens, tinham menos de 8 anos, aquando destes acontecimentos. É natural que não se lembrem. Mas cá estamos nós, para os fazer ver a luz.

O candidato Aníbal é responsável pela morte de centenas de portugueses!
Quando veio dinheiro (a rodos) da então CEE para a construção de estradas como o IP5, era suposto aquilo ser uma auto-estrada. Mas não! Havia outras necessidades no país, portanto bastava fazer uma estrada de duas faixas, não importava o declive que ela tivesse (só quem já desceu a descida da Guarda para o Porto da Carne ou das Talhadas para Albergaria-a-Velha poderá fazer ideia do que estou a dizer). O caminho mais curto era o mais barato. O dinheiro destinado à construção da A25 (a que lá existe agora! Sim, porque teve que se substituir o monte de esterco deixado por Aníbal por uma estrada minimamente decente) era necessário para obras de grande necessidade como por exemplo o Centro Cultural de Belém. Sim, pequenitos, nem sempre existiu aquele hipopótamo cor de rosa, à frente do Mosteiro dos Jerónimos. Nós já conhecemos aquilo sem aquela coisa que agora foi o palco do anúncio da candidatura do candidato.
Existe algum exagero na minha responsabilização de cavaco por parte da morte dos automobilistas no IP5? Existe. Mas também é verdade que, antes do alargamento da estrada, praticamente todos os dias se ouviam a notícia de acidentes com vítimas mortais naquela estrada e que tal não acontece desde que, nos locais mais críticos, a estrada já tem 4 faixas. Isso é um facto. Os mortos não votam. Mas se votassem, com toda a certeza não votariam Cavaco!

O candidato aníbal bateu nos portugueses!
Não em todos, mas em muitos. Bateu nos estudantes, sempre que íam a Lisboa. Aliás, pequenitos, quando se manifestarem contra as propinas, lembrem-se que foi no tempo de Cavaco que foram implementadas com base na declaração do IRS dos vossos pais, e foi no tempo de Durão Barroso que passaram a ter preço fixo. Antes de Cavaco pagava-se qualquer coisa como 30$00 (15 cêntimos!) por disciplina, hoje paga-se seja de 900 Euros, seja-se filho de médico ou filho de pastor de ovelhas.
No tempo de Cavaco, os estudantes manifestaram-se contra a PGA (para entrar na faculdade pouco ou nada interessava o percurso do aluno, se se tivesse boa nota numa Prova Geral de Acesso - que era suposto avaliar a nossa cultura geral - tinha-se entrada garantida) e levavam porrada. No tempo de Cavaco, os estudantes manifestavam-se contra as propinas e levavam porrada. No tempo de Cavaco os estudantes nem precisavam manifestar-se para levar porrada!
Só me lembro de ver tamanho aparato policial numa "manifestação estudantil" depois do tempo de Cavaco há coisa de uns 2 ou 3 anos, no Polo II da universidade de Coimbra. Nessa "manifestação" havia mais polícias de choque do que estudantes. E a tarde terminou com gás lacrimogénio a ser lançado para cima de alguns estudantes e com um caloiro a ser preso, passando a sua primeira serenata, na esquadra da PSP.
No tempo de Cavaco, nas manifestações estudantis havia agentes do SIS com câmaras a filmar e identificar os arruaceiros. Não só nas manifestações de estudantes, mas também no bloqueio da ponte 25 de Abril e nas manifestações dos agentes da PSP. Sim, porque Cavaco foi tão bom primeiro ministro que foi o único a conseguir virar policiais contra colegas de profissão. Foi triste ver as imagens a correr mundo de forças da lei e da ordem que se estavam a defender, como podiam, dos canhões de água que este senhor achou por bem dirigir-lhes. Se são estas imagens que faziam portugal estar no poletão da frente da europa e do mundo, eu vou ali e já volto!

Com toda a certeza os mais jovens ouviram falar no termo "Buzinão", sabem quando nasceu esta forma de protesto em Portugal? No tempo de Cavaco! Foi a forma que todos os automobilistas pelo país fora encontraram de manifestar solidariedade para com os camionistas que, numa primeira fase fizeram uma marcha lenta de protesto pelo aumento das portagens na ponte 25 de Abril (e por todo o país), e depois acabaram por bloquear mesmo uma das entradas da ponte. Mais uma vez, como acham que foi resolvido o problema? À porrada!
Ficou na memória de muito boa gente a imagem de um homem que, não oferecendo qualquer tipo de resistência à polícia foi brutalmente imobilizado por cinco ou seis agentes da polícia de choque que o íam agredindo enquanto estava imobilizado no chão, de mão algemadas atrás das costas, com bastonadas e golpes de escudo protector e cronhadas das suas metralhadoras.
Também se devem lembrar que há um rapaz, que na altura tinha 18 anos, como vós, que estava a assistir a tudo em cima de um viaduto e ficou tetraplégico devido a uma bala perdida, supostamente de borracha, e cujos envólucros vieram a ser encontrados dias mais tarde ficando provado pertencerem à PSP e que, de balas de borracha nada tinham.
No tempo de Cavaco também, na Marinha Grande, houve carga policial sobre manifestantes da indústria vidreira. Chegando a polícia ao cúmulo de perseguir os manifestantes até dentro de uma igreja e, uma vez encurralados, baterem-lhes ali dentro mesmo.

Cavaco foi também a pessoa que via em Portugal um Oásis, e que determinou que em certo ano, o dia de Carnaval não seria feriado, a bem da produtividade de Portugal. Foi a gota de água que fez transbordar o copo. Rapidamente os presidentes de câmara resolveram o assunto: se não era feriado nacional, então seria feriado municipal.

Posto isto abandonou o governo a poucos meses do final da legislatura, é certo, mas abandonou-a, para se candidatar às presidenciais. Felizmente as pessoas que votavam na altura tinha ainda fresco na sua mente quem era o candidato Aníbal, obrigaram-no a ir a uma segunda volta de onde saiu derrotado. Durante estes dez anos apagou-se, na esperança, talvez, que as pessoas se esquecessem de quem é cavaco. Eu não esqueci. E espero que com estas minhas palavras tenha ajudado a desvendar o verdadeiro cavaco!



Imagens retiradas do bicho carpinteiro

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