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Pano do Pó

Para tirar as coisas a limpo,
mesmo nos cantos mais difíceis.


2006-10-07


 

Follow me, ou, o dia em que acharam que fui inconveniente.

Costumo seguir atentamente, porém à distância e por consulta de listas de discussão, o que se passa numa casa que um dia foi "minha".
A última discussão tem sido acesa e é acerca de uma ideia - que eu classifiquei de "extremamente parva" - saida das mentes brilhantes de quem tem poder para tomar decisões naquela instituição.
Devido à "mobilidade" imposta por "bolonha" as cabeças pensadoras daquele departamento acharam por bem que algumas das aulas sejam leccionadas em inglês.
Têm sido esgrimidos, com maior ou menor habilidade, argumentos. Há os que são a favor da "evolução", outros acham que se deve "proteger a nossa identidade cultural" continuando a dar as aulas em português.

Eu como sou algo terra-a-terra, simplesmente acho a ideia parva.

Vai daí, enviei para a lista de discussão o meu douto parecer, dando conta disso mesmo. Infelizmente a minha mensagem não passou (prefiro pensar que foi por engano meu. prefiro pensar que tenha escrito mal o email pois não acredito que haja ali qualquer tipo de censura ou filtragem). De qualquer forma, vou transcrever o email que teimou em não chegar.

O assunto da mensagem era "Follow me", uma alusão a um programa que dava na TV, nos anos 80, e que tinha por intuito ensinar os telespectadores a falar inglês. Faltou-me justificar o assunto da mensagem. Esqueci-me. É que eu, além de parvo, sou também esquecido.

Passemos agora à transcrição:
Olá,

Antes de mais devo começar por dizer que neste momento não sou aluno do DEI. Já fui e, eventualmente um dia, voltarei a sê-lo.
Sigo, nesta lista, esta e outras discussões com alguma atenção e curiosidade.

Esta última - das aulas em inglês - deixa-me no entanto algumas dúvidas e vou colocar algumas questões que gostaria de ver respondidas (ou não) uma vez que ninguém ainda as colocou.

Pelo que me apercebi pelo fio da conversa (thread, para quem não entendeu) há aulas no nosso departamento a serem dadas em inglês. (por professores portugueses)

Responda-me, quem puder e/ou souber se:

As dúvidas colocadas pelos alunos durante essas aulas terão que ser colocadas em inglês? (É que nos meus tempos de liceu, sempre que eu colocava uma dúvida em português, invariavelmente a professora respondia "Sorry? I don't understand portuguese". :) )
De qualquer forma, ao ser permitido colocar dúvidas em português, as respostas são dadas em português ou em inglês?
E existe algum sistema de tradução simultânea ou o professor dá-se ao trabalho de traduzir para inglês a dúvida antes de responder?
Ou só o faz se a dúvida for realmente pertinente?

E quanto aos enunciados de trabalhos que, pelos vistos, são também em inglês? Exige-se a resposta em inglês também ou é permitido responder em português?
Se sim, então os alunos "da casa" não estão em vantagem sobre os alunos de erasmus? Isto claro, porque não imagino que seja permitido a um aluno "estrangeiro" (leia-se europeu) responder na sua língua materna...

Meio a brincar, meio a sério vim apresentar algumas das dúvidas que assolavam esta inquieta alma lusitana. :).

Posto isto, penso não ser necessário dizer que acho o facto de estarem a ser leccionadas aulas em inglês uma parvoíce. Não me peçam argumentos porque não os tenho, acho uma parvoíce, ponto final.
Há outras coisas que acho parvas. O penteado do Paulo Bento é uma delas. Mas não vem ao caso porque não estão a ser discutidas aqui e agora. Quando o forem - e se eu achar oportuno - pronuncio-me.

Posto isto, despeço-me. Em português.

Ciao,
xung manuel

PS: Quanto a coisas que eu acho parvas, às vezes, eu próprio também me acho um bocadito parvo. Por isso, desculpem qualquer coisinha, sim? Podeis continuar...


Notas:
Obviamente o mail não foi assinado como xung manuel, mas como a assinatura estava ilegível ficou mesmo assim.
Tenho pena de me ter esquecido da explicação do "Follow me". A piada era uma boa piada. Mas de qualquer forma, o mail não chegou ao destino, por isso, que se lixe. Ninguém se deve lembrar do programa, mesmo...

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