Post parvo e politicamente incorrectoJá vi caricaturados em diversos scketches humorísticos os tradicionais protugueses classe média sub-urbana, que se passeiam ao fim de semana de fato de treino (e sapatos) por todas as superfícies comerciais do país.
Parece-me no entanto que este é um assunto negligenciado em termos de estudos sociológicos. Cai-se frequentemtente no erro de julgar todas estas criaturas como uma espécie homogênea, quando na realidade há diversos grupos e sub-grupos que merecem atenção.
Depois de anos de pesquisas em grandes superfícies comerciais, atrevo-me a adiantar algumas classificações. Falho no entanto na compreensão das relações sociais, hierarquia e interacção com os restantes seres humanos destas espécies, mas deixo esse papel para outros e mais dotados investigadores:
Apresento o estudo partindo da unidade para o conjunto, ou seja, primeiro apresento os indivíduos e depois a unidade familiar, enquanto conjunto de indivíduos.
O HOMEM
Geralmente baixo (menos de 1.70m) e com barriguinha. O bigode, embora em claro declínio, ainda ornamenta bastantes lábios nacionais e não são só os masculinos.
Se fisicamente há uma certa homogeneidade, a verdade é que em temos de vestuário há diferenças muito importantes;
Temos os que consideram o fato de treino o símbolo máximo do homem jovem, que aprecia os prazeres da vida e das actividades ao ar livre, embora a unica que façam seja passear o carrinho das compras no parqueamento descoberto do Aki.
Temos depois os meus favoritos; pensam que ao fim de semana devem mostrar o quanto são pessoas de nível e de sucesso e por isso vestem fato e gravata; naturalmente que o fato foi comprado nos saldos em 1978 e a gravata era do avô, pelo que o aspecto é alguma coisa entre o feio e o horrível
A MULHER
Inevitavelmente baixa (menos de 1.60m) e embora em claro declínio, o bigode ainda ornamenta bastantes lábios nacionais (e não só os femininos). Rechonchuda, que isso de ir ao ginásio e ter cuidado com o que se come são mariquices e claro, cabelo curto.
Por algum motivo que ainda não compreendi, a fêmea lusa acredita que uma vez passada a barreira dos 30/35 anos deve curtar o cabelo curto e esquecer todo e qualquer indício de feminilidade e sensualidade. Enfim, opções, depois queixam-se que os maridos se babam por menininhas novas.
AS CRIANÇAS
Aqui surgem alguns avanços. Emora ainda subsista o tradicional menino gordo de cabelo curto e a menina de meia de renda e sapato verniz, é já frequente ver a prole da familia tradicional com o kit completo de Dread ou outra onda qualquier. Nestas ocasiões, costuma andar uns passos à frente ou atrás dos progenitores, evitando assim ser associada aos mesmos, que claramente não têm ar cool (I'm too sexy for my parents).
Quando ao fim de semana se juntas estes três elementos no seu Fiat Uno e vão à superfície comercial, o seu comportamemento distingue-se bastante de uns para os outros.
FAMILIA TRADICIONAL
Enquanto o pai lê o jornal desportivo, a mãe faz crochet e as crianças andam de loja em loja a identificar items para mais tarde pedinchar.
FAMILIA MODERNA
A mãe e a filha (ou filhos, se menores que 4 anos) vão correr as lojas ou corredores do hipermercado, enquanto o pai e o filho ficam a mandar piropos às mulheres que passam, encostados ao balcão do café, de jornal desportivo na mão e a limpar as unhas umas com as outras
Last but not leat, os meu favoritos:
O ASSOBIADOR
Fenómeno que se pode dar quer com as famílias de fato de treino, quer com as de fato e gravata, mas que consiste numa unidade familiar em que o líder (ou grunho) anda geralmente uns passos atrás da família, para melhor controlar e, sempre que pretende chamar a atenção do agregado familiar, emite assobios mais ou menos personalizados por forma a que a família distinga, para que olham para o líder e se aproximem dele.