Factor SCLM
Largas centenas de milhar de leitores têm escrito para nós com a dúvida a ensombrar os seus espíritos. O que é afinal o factor SCLM e até que ponto afecta ele a vida dentro das empresas e mesmo, o desenvolvimento das empresas e das sociedades
Existe, é um facto, ainda uma certa relutância das mais conceituadas Universidades de Gestão, relativamente à inclusão desta importante matéria nos seus curriculums. É verdade que escolas de Gestão famosas como Harvard, Insead ou mesmo a Lusíada, insistem em não dar a este tema a importância que merece.
Não é menos verdade no entanto, que diversus Gurus mundiais da Gestão, como Tom Peters, Jack Welch ou Naked Sniper, têm dedicado a este tema a atenção que ele merece. Infelizmente, os seus trabalhos são invariavelmente levados a cabo em ambiente cultural anglo-saxónico, o que trás algumas incoerências quando os tentamos adaptar à realidade latina.
É nesse sentido que tentarei, de forma simples e prática, expôr o factor SCLM, recorrendo a exemplos típicos, para que você, caro leitor, possa adaptar o seu comportamento dentro das organizações ao que se espera de si, não caindo nunca no fatal erro de se deixar enredar pelo SCLM.
Os autores americanos inclinam-se de um modo geral a apontar como factor altamente valorizante a quem quer evitar o SCLM, o deter um comportamento de ass-kisser. Ou seja, o cínico e hipócrita graxista. Necessariamente, à luz da cultura latina esta tese é desmentida, pois a grande maioria dos assalariados latinos são deste gênero e, ainda assim, diariamente se cometem atrozes SCLM’s nas nossas organizações.
Um exemplo: Imaginemos o Carlos. Carlos é Sportinguista mas finge ser benfiquista à frente do chefe, sempre que o assunto é bola. Carlos é homossexual e o que gosta mesmo são massagens-de-peito-de-homem-nas-costas, mas esconde um agrafador no bolso das calças para parecer entusiasmado, sempre que o chefe lhe mostra a Maxmen. No entanto, mesmo assim o Carlos não está livre de um grave SCLM, senão vejamos:
Carlos: Bom dia chefe, tudo bem? Então o nosso Benfica, huh? Ganda Jogo...
Xefe: Bom dia. Pois foi, Carlos, pah tu viste bem aquela jogada. Fónix, foi demais.
C: E aquela loira da novela? Que rabinho...
X: Nem me lembres...
C: Por falar nisso, quando estava a entrar aqui na garagem, ia uma loira a sair num carro igual ao seu, com um par de mamas... meu deus...
X: (depois de 4 segundos de silêncio)... Eu sei, era a minha mulher.
E cá está o graxista do Carlos a cair num SCLM do tamanho do mundo.
Não podemos no entanto tomar como certo que o comportamento oposto é mais seguro. Pode ser-se completamente sincero e desinteressado e, ainda assim, cometer tremendos SCLM. Vejamos:
Xefe: Maria, temos de fazer a sua avaliação deste ano. Pode ser hoje?
Maria: Sim, claro.
X: Óptimo. Mas sabe, estou um bocado desiludido com o seu desempenho. Não está ao nível que esperávamos. Pensei que talvez a pudesse levar a jantar hoje e discutimos uma forma alternativa de merecer a promoção que eu queria tanto dar-lhe.
M: Boa ideia, diga-me só onde, que o meu marido depois vai ter conosco.
X:.........
Cá está ele, o malfadado SCLM.
Em resumo, o SCLM pode acontecer a qualquer um, independentemente do seu comportamento. É minha convicção que funciona como a teoria da evolução das espécies de Darwin, assegurando apenas aos mais aptos e sensatos, chegar ao degrau seguinte da escala hierárquica.
Seguramente que por esta altura já perceberam o que significa o acrónimo SCLM. É óbvio que quer referir um Serious Career Limiting Move ou, em Português, comportamento idiota que te vai condenar a tirar cópias pró chefe o resto do tempo que tu ou ele estiverem na empresa.
A evitar, meus amigos, a evitar.